Live to fly, fly to live, live to die.

Live to fly, fly to live, live to die.

Às vezes eu me surpreendo com as pessoas.

Eu costumo dizer que pode-se conhecer as pessoas pelos defeitos delas, mas é engraçado como algumas pessoas se enganam. Como se convive com uma pessoa por mais de um ano, diariamente, confidenciando-lhe as coisas, confiando nela, apoiando-se nela e tendo-a como base, sem perceber o mal que essa pessoa te faz, pelas costas? Talvez fosse porque você não conhecesse nada diferente. Talvez porque tivessem medo de dizer a você o mal que estava te sendo feito. Talvez tenham te dito, mas você não ouviu: você estava muito ocupada se divertindo com o seu mundo preto e branco que nem existia de verdade. E hoje você nem consegue mais se lembrar como era. Como as coisas mudaram de uns tempos para cá, não é? Como as pessoas parecem mais claras, parecem mais coloridas, tudo parece, na verdade. Mas você olha para aquela pessoa e ela parece envolta em algo escuro e viscoso, como se todo aquele mal já estivesse lá há muito tempo. Mas você não via. Então você percebe que você também era envolta em algo escuro, viscoso e nojento, e que as pessoas olhavam pra você da mesma maneira que você, hoje, olha para aquela pessoa: com pena, com raiva, com tristeza, às vezes até com agonia. Era tudo mais fácil quando você era daquele jeito, ou pelo menos você achava que era. Pelo menos você nunca se sentia sozinha. Mas era mentira, e você sabe disso hoje. Você sabe que tudo era uma mentira. Aliás, uma não, eram várias. Você repassa diálogos e situações e se pergunta se algo naquilo tudo era sincero ou não. Se alguma daquelas memórias, antes felizes, poderão te fazer sorrir daqui pra frente sem uma lágrima de agonia, sem você se lembrar que era tudo ilusão. Você se sente burra. Fraca. Às vezes até dói de tanto pensar tamanha insignificância. E você sabe que está melhor agora, com as pessoas certas. Não é só a razão que te diz isso, mas seu coração também. Você se sente até mais leve, porque antes era tudo tenso e intenso ao mesmo tempo. Você sente como se pudesse fazer qualquer coisa... menos voar. Porque as memórias ruins sempre vão te puxar pro chão e te lembrar que você é humana, errada, patética e sensível. Você sabe que sempre vai se dar para quem não merece, sabe que sempre vai seguir a passos cautelosos o caminho errado, guiada pelos sentimentos errados e as emoções indecisas. Ser um ser humano é mais difícil do que você gostaria, mas é a sua vida, e você precisa vivê-la, só vivemos uma vez (ainda bem).
Estou sempre caindo. E tentando se manter de pé, sempre olhando pra frente, mas com os olhos no topo.