Forte. Essa é a palavra que a define. Todos os dias ela se levanta da sua cama, o lugar onde ela queria ficar pra sempre, porque assim ninguém a atormentava e nem atrapalhava seus pensamentos e sentimentos confusos. Cansada das pessoas e da vida, ela saía na rua com o rosto maquiado tentando esconder as olheiras de uma noite dolorosa e mal dormida. As pessoas a cumprimentavam, e ela friamente só respondia com um sorriso. Um sorriso falso, que não pertencia a ela. Evitava várias conversas, com medo de desabar e mostrar-se fraca. Mas ela era forte assim, pois mesmo acabada por dentro, morrendo aos poucos, se sentindo vazia e perdida, sem direção, sem escapatórias, sem ter onde ir e nem onde chegar, sem ninguém para fazê-la sorrir, ela parecia estar bem e todos acreditavam nessa mentira, também não pareciam notar que ela gritava em silêncio, gritava por ajuda, por carinho, por atenção. Digamos que ela sempre foi uma boa atriz. Seu delineador corria em constelações todas as noites, por uma única pessoa, a qual sempre amou pela vida inteira, por mais que nunca seja correspondida. Ela simplesmente queria amá-lo sem pedir nada em troca. Muito forte. Mas as pessoas fortes sempre acabam desabando uma hora ou outra, e era exatamente assim com ela, sempre quando chegava em casa já tinha o seu lugar. Exausta pelo dia cansativo, e cansada de fingir felicidade, sentava-se ao lado da cama, tirava sua máscara e desabava, enquanto olhava para o céu suplicando por ajuda. Algumas vezes ela não conseguia achar seu lugar no mundo, como se sua existência não fizesse a mínima falta para alguém. Insegura? Um pouco. Mas mesmo assim, sorria. Como se tivesse motivos suficientes para isto e como se nada estivesse em sua mente perturbada. Um sorriso falso, mas que nunca deixava de aparecer. E é assim que ela continua vivendo até hoje, esperando por uma solução ou talvez tentando correr atrás de uma. Ela sou eu.